SELIC alta e “tarifaço”. Como se preparar para os próximos meses.

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Com a taxa SELIC ainda em patamares elevados e a expectativa de um verdadeiro “tarifaço” nas transações Brasil-EUA a partir de agosto, muitas empresas brasileiras — especialmente de médio e grande porte — têm intensificado a busca por linhas de crédito em moeda estrangeira, estruturadas via Lei 4.131, para reduzir o custo financeiro.  

Entretanto, essa estratégia exige uma governança robusta e uma gestão ativa do risco cambial para ser bem-sucedida, e é isso o que vamos explorar nesse conteúdo. 

Por que as empresas estão olhando para o crédito em moeda estrangeira? 

Com o custo de capital doméstico alto, operações de crédito tradicionais oneram significativamente o caixa das empresas. Então, tomar crédito via Lei 4.131 tem se mostrado uma alternativa muito mais competitiva.  

Taxas para operações em moeda estrangeira têm ficado na faixa de 8% a 13% ao ano (já incluindo o hedge cambial), proporcionando uma redução substancial — muitas vezes superior a 60% — nos custos financeiros em comparação ao crédito tradicional em reais. Essa eficiência é especialmente atrativa para empresas com receitas em moeda estrangeira ou alta capacidade de gestão do câmbio. 

O que muda com o possível “tarifaço” Brasil-EUA, previsto para entrar em vigor em agosto? 

A partir de agosto, está prevista a entrada em vigor de uma nova tarifa adicional sobre diversas transações financeiras e comerciais entre Brasil e EUA. Esse “tarifaço” deve elevar custos tanto em operações de comércio exterior quanto nos fluxos financeiros.  

Para empresas que captam via 4.131 e utilizam hedge cambial, isso poderá se traduzir em spreads mais altos para derivativos e condições mais restritivas para proteção cambial. Antecipar-se e preparar-se para essa mudança é fundamental para não comprometer as vantagens do crédito externo. 

Gestão ativa do risco cambial: o que significa, na prática? 

Contratar um empréstimo em dólares ou euros não garante ganhos líquidos se a volatilidade do câmbio não for gerida de forma contínua e estratégica. A gestão ativa do risco cambial consiste em: 

  • Mapeamento completo da exposição cambial — operacional e financeira — da empresa. 
  • Definição de políticas claras de hedge, alinhadas à estratégia do negócio. 
  • Seleção dos instrumentos mais adequados para cada cenário, como NDFs com cap, call spreads, swaps com limitadores, entre outros. 
  • Monitoramento contínuo das posições e ajustes dinâmicos conforme as condições de mercado. 

Um dos erros mais comuns é tratar o hedge cambial como uma operação estática. Em um ambiente de alta volatilidade e novas tarifas, essa postura pode anular a vantagem do custo mais baixo do crédito externo. Com uma gestão ativa, é possível proteger as economias e ainda capturar oportunidades adicionais. 

Como se organizar nos próximos três meses? 

Para empresas que planejam captar via 4.131 ainda este ano, os próximos três meses serão decisivos para: 

✅ Revisar (ou elaborar) sua política de hedge cambial. 

✅ Simular diferentes cenários para as novas tarifas e para a curva de juros. 

✅ Estruturar um cronograma de captação com flexibilidade para ajustar a data de contratação conforme as condições de mercado. 

✅ Montar uma equipe — interna ou terceirizada — de gestão de risco dedicada, com acesso às ferramentas certas (Bloomberg, análises de cenário, governança). 

✅ Escolher parceiros financeiros com expertise não só na captação, mas também na gestão do hedge cambial ao longo do tempo. 

Conclusão 

O ambiente macroeconômico e regulatório impõe desafios, mas também oferece oportunidades significativas para empresas que souberem estruturar bem suas operações. A captação em moeda estrangeira, quando combinada com uma gestão ativa do risco cambial, é uma poderosa alavanca para reduzir custos e preservar margens. 

Sua empresa está planejando acessar crédito externo nos próximos meses? Conta pra gente.