Hedge cambial: como otimizar custos em tempos de volatilidade 

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Por que empresas financeiramente sofisticadas estão reavaliando suas políticas de hedge em 2025

O segundo semestre de 2025 começa marcado por incertezas: o Federal Reserve manteve a taxa de juros elevada por mais tempo que o antecipado, a inflação nos EUA voltou a acelerar em algumas leituras mensais, e tensões geopolíticas continuam impactando cadeias logísticas e preços de commodities. 

Para empresas brasileiras expostas ao dólar — seja pelo lado da receita ou do passivo — esse ambiente reforça a necessidade de políticas robustas e dinâmicas de hedge cambial como diferencial estratégico. 

Hedge é estratégia de custo 

A função do hedge vai além da simples proteção cambial. Em um mercado financeiro moderno, o hedge é ferramenta de gestão estratégica do custo do capital. Ele pode ser desenhado não só para estabilizar fluxos de caixa, mas para gerar vantagem econômica em relação às estruturas tradicionais de financiamento ou exposição desprotegida. 

Em outras palavras: hedge bem feito não encarece o caixa — ele otimiza o custo total da operação

Câmbio e estrutura de capital: um casamento técnico 

Empresas com passivos dolarizados — especialmente aquelas que captam recursos via mercado internacional (como pela linha 4.131) — enfrentam o dilema clássico: reduzir o custo nominal da dívida ou se proteger contra a oscilação do câmbio? 

A resposta correta raramente está nos extremos. O que se observa nas teses mais sofisticadas de estruturação financeira é a busca por: 

  • Hedge com duration compatível ao fluxo de caixa operacional
  • Derivativos estruturados com limitadores de perdas e ganhos (ex: collars, NDFs com cap, swaps com barreiras); 
  • Acompanhamento ativo de mark-to-market, ajustando a proteção conforme a volatilidade e os objetivos de liquidez. 

Um comparativo técnico ajuda a evidenciar como diferentes estratégias de financiamento e hedge impactam os custos e a governança financeira: 

  • Dívida local com CDI + 4%: apresenta um custo total estimado em 19% ao ano, com risco cambial praticamente inexistente, mas com governança financeira apenas moderada — muitas vezes limitada ao acompanhamento do CDI e prazos padrão. 
  • Captação em USD tradicional com os bancos: aqui, o hedge cambial geralmente é tratado de forma reativa, sem acompanhamento contínuo e deixando a dívida exposta. O custo, com isso, pode ser muito maior no final. 
  • Captação em moeda estrangeira, em USD, com hedge ativo: é a estratégia que mais se destaca em termos de eficiência, com custos totais entre 8% e 13% a.a., risco cambial controlado e uma governança financeira avançada, baseada em modelos, métricas e acompanhamento técnico especializado. 

Essa gestão eficiente de riscos pode entregar reduções de 400 a 900 bps no custo financeiro anual — o que, em operações grandes, representa impacto direto na margem líquida da empresa. 

O papel das áreas financeira e de riscos 

As empresas mais preparadas para ambientes de volatilidade são aquelas que: 

  1. Mapeiam sua exposição real ao câmbio em todas as linhas operacionais e financeiras; 
  1. Revisam periodicamente sua política de hedge, com modelos quantitativos que avaliem o custo de oportunidade entre hedge e exposição; 
  1. Possuem integração entre tesouraria, controladoria e risco, permitindo respostas rápidas a choques externos. 

O cenário atual exige mais do que proteção: exige inteligência. O hedge cambial deve ser tratado como parte integrante da estratégia de funding e eficiência financeira — e não como uma simples linha no orçamento de despesas financeiras. 

Adotar essa visão é um passo decisivo para construir um lastro econômico eficiente, competitivo e resiliente.