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Em sua reunião mais recente, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa SELIC em 15% ao ano, repetindo a posição do encontro anterior. A decisão foi unânime.
O comunicado reforçou que esse patamar elevado de juros será mantido por um “período muito prolongado”, enquanto se monitora se ele será suficiente para provocar a convergência da inflação para a meta de 3% ao ano.
O IPCA registrou uma deflação de −0,11% em agosto, resultado puxado principalmente pela queda nos preços de alimentos frescos, combustíveis, energia elétrica residencial (impactada por bônus de Itaipu) e passagens aéreas.
Apesar do alívio pontual, o acumulado em 12 meses ainda está em torno de 5,13%, bem acima da meta central de inflação de 3%.
Analistas alertam que esses recuos são, em grande parte, temporários e não sinalizam uma tendência sustentada de descompressão inflacionária.
Os núcleos de inflação — especialmente em serviços — seguem pressionados, refletindo uma demanda interna resiliente e a inércia de custos que não se revertem rapidamente.
A deflação de agosto melhora momentaneamente o cenário inflacionário, mas não muda os fundamentos que sustentam a política monetária restritiva. Os motivos principais são esses:
O comunicado do Copom é tão relevante quanto a própria decisão sobre a taxa Selic, pois carrega as sinalizações que orientam o mercado. Elementos como uma possível revisão das projeções de inflação para 2026 em diante devem ser acompanhados de perto, assim como qualquer menção a uma maior convergência das expectativas para a meta de 3%.
Também merecem atenção comentários sobre o câmbio, principalmente em relação à incorporação de riscos externos — como tarifas ou sanções — nos modelos do Banco Central.
A presença de alertas mais explícitos sobre a possibilidade de reversão inflacionária ou novos choques adversos ajudaria a reforçar o tom cauteloso.
Por fim, a leitura que o Copom faz dos impactos econômicos dos juros elevados será determinante: se o comitê reconhecer sinais claros de desaceleração econômica, pode haver margem futura para cortes.
Caso contrário, prevalecerá a estratégia de manter o aperto monetário como salvaguarda.
Conclusão
A deflação de agosto é bem-vinda, mas melhora pontual não altera o cenário de risco. Para as empresas que pensam a médio/longo prazo, é hora de estruturar o caixa com conservadorismo, incorporar incertezas no fluxo de caixa, rever exposição ao câmbio e ao risco Tarifas/Sanções, e preparar-se para operar num ambiente onde o “novo normal” pode incluir juros elevados por mais tempo.
Como você tem gerido as operações financeiras da sua empresa?