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A exposição ao câmbio é um dos elementos mais críticos — e menos previsíveis — da gestão financeira de empresas de todos os portes e segmentos. Especialmente de companhias do middle market, em crescimento.
Em economias voláteis, como a nossa, a oscilação cambial pode afetar profundamente o fluxo de caixa, a margem operacional e a confiabilidade do planejamento financeiro. Por isso, o tratamento desse risco precisa ser técnico, contínuo e ancorado em boas práticas de governança.
O risco cambial está presente sempre que ativos, passivos, receitas ou despesas são denominados em moeda estrangeira. As formas mais comuns de exposição incluem:
Ignorar esse risco fragiliza o acesso ao capital futuro.
O hedge cambial é o principal instrumento de mitigação desse risco. Mais do que uma “proteção”, é uma ferramenta de construção de previsibilidade e eficiência financeira. Entre os instrumentos mais utilizados, destacam-se:
Contrato a termo sem entrega física da moeda. Ideal para empresas que precisam proteger fluxo de caixa de curto e médio prazos. A liquidação ocorre pela diferença entre a taxa contratada e a taxa de mercado no vencimento, trazendo previsibilidade de caixa.
Permuta de indexadores entre moedas e taxas. Por exemplo, trocar a exposição em USD por CDI, ajustando o perfil de risco da dívida. Ferramenta relevante para empresas com passivos em moeda estrangeira e fluxo em reais.
Oferecem proteção com flexibilidade. Compostas em estruturas como collar, seagull ou zero-cost, permitem limitar perdas sem abrir mão de potenciais ganhos, principalmente em operações com receita em moeda forte.
Esses derivativos podem ser combinados em estruturas personalizadas que equilibram custo, proteção e flexibilidade.
A gestão passiva — travar o câmbio e “esperar” — é cada vez menos eficiente em mercados voláteis. Modelos modernos de hedge incluem:
O hedge não é estático: ele deve ser ajustado ao ciclo de vida do passivo, à volatilidade do mercado e ao apetite de risco da empresa.
Empresas que acessam crédito em moeda estrangeira, como via 4131, precisam integrar a estrutura de crédito à política de hedge. Não tem jeito. O custo efetivo da dívida está diretamente ligado à forma como o risco cambial é tratado. Uma estrutura bem montada reduz a incerteza e otimiza a alavancagem corporativa.
É essencial que a estruturação da dívida e o hedge cambial caminhem juntos desde a originação, evitando descasamentos e garantindo eficiência financeira.
O risco cambial não pode ser terceirizado à sorte nem tratado como evento isolado. Ele precisa ser gerido com rigor técnico, visão estratégica e integração à governança financeira da empresa. Em um cenário globalizado, onde decisões cambiais impactam competitividade, a capacidade de lidar com volatilidade de forma técnica é um diferencial competitivo — e um imperativo de sobrevivência.