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No cenário atual de crescente exposição cambial entre empresas brasileiras, sobretudo aquelas com dívidas estruturadas em moeda estrangeira – como nas operações via Lei 4.131, a utilização de instrumentos derivativos deixou de ser um diferencial competitivo e passou a ser uma necessidade estratégica. No entanto, a complexidade dessas operações exige muito mais do que boas intenções: requer conhecimento técnico, sofisticação de processos e, sobretudo, governança séria.
A crise enfrentada pela Ambipar em 2025 é um exemplo emblemático de como estruturas mal geridas – ou mal compreendidas – envolvendo derivativos e exposição cambial podem gerar volatilidade reputacional e riscos patrimoniais reais.
A gestão da dívida em moeda estrangeira exige o uso de derivativos de forma inteligente e alinhada ao perfil da companhia. Os principais instrumentos utilizados pelas empresas brasileiras para esse fim são:
Contratos que travam uma taxa de câmbio futura sem a entrega física da moeda. Amplamente utilizados por empresas com fluxo em reais que captam em USD ou EUR.
Permutam fluxos de pagamento em moeda estrangeira para moeda local (ou vice-versa). São muito utilizados em operações estruturadas via 4131.
Permitem construir cenários de proteção com maior flexibilidade, definindo tetos e pisos cambiais. Ideais para empresas que desejam otimizar custos sem abrir mão de segurança.
Esses instrumentos, quando bem estruturados, não apenas neutralizam a volatilidade cambial, mas também viabilizam um custo financeiro significativamente mais eficiente — muitas vezes, até 60% inferior ao custo de crédito doméstico.
O caso Ambipar escancarou a fragilidade de estruturas de proteção mal monitoradas e a falta de comunicação clara com o mercado sobre os reais riscos assumidos. A volatilidade nas ações e os questionamentos sobre a governança financeira da empresa ressaltaram a importância de:
Não se trata apenas de usar derivativos, mas de compreender sua função dentro de uma estratégia ampla de gestão de risco.
A sofisticação dos instrumentos derivativos requer, como contrapartida, uma estrutura de governança sólida. CFOs, controllers e demais líderes financeiros devem garantir que exista:
Sem isso, qualquer estratégia de proteção corre o risco de se tornar um problema de exposição.
Estruturas com derivativos, principalmente aquelas integradas a captações via 4131, não devem ser improvisadas ou replicadas com modelos prontos de bancos. Exigem customização, análise detalhada da matriz de risco da empresa e acompanhamento contínuo da performance da estrutura.
A Legatus sempre defendeu que a sofisticação de uma estrutura está, acima de tudo, no domínio técnico sobre seus fundamentos – e não apenas na sua complexidade aparente