Principais modalidades de hedge cambial e quando utilizá-las

Principais modalidades de hedge cambial e quando utilizá-las

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Quando falamos em hedge cambial, não há como ignorar a importância dessa estratégia para que as empresas se protejam de eventuais cenários de estresse cambial. Além disso, ao considerarmos países como o Brasil, que, em 2024 - especialmente no segundo semestre - registrou a pior performance cambial em relação ao dólar entre as principais economias do mundo, com uma desvalorização de aproximadamente 22%, fica evidente o impacto desse fator na saúde financeira de diversas empresas, instituições e até mesmo da economia como um todo. Portanto, adotar estratégias de segurança cambial para mitigar oscilações bruscas em curtos períodos torna-se indispensável.

Qual é o papel central da estratégia de hedge cambial?

Podemos começar com um exemplo prático. Imagine que, como mencionado anteriormente, no início de 2024 a paridade BRL/USD estava em torno de R$ 5,00. Dessa maneira, se uma empresa de importação ou qualquer negócio que captasse recursos em moeda estrangeira, sem um mecanismo de proteção que fixasse a taxa de câmbio futura, ficaria exposta às oscilações cambiais ao longo do ano.

No decorrer do primeiro semestre, o real sofreu uma depreciação expressiva, impulsionada tanto por fatores externos, como as eleições nos EUA, quanto por fatores internos, como o desequilíbrio das contas públicas no Brasil. Como consequência, uma empresa que importava insumos ou produtos a R$ 5,00 passou a pagá-los por volta de R$ 6,00. Da mesma forma, uma empresa que captou recursos externos a R$ 5,00 agora precisa quitá-los a R$ 6,00. Esse exemplo ilustra claramente a importância dos mecanismos de proteção dentro do hedge cambial.

Portanto, sem a adoção de uma estratégia de hedge, qualquer organização exposta ao câmbio pode ver sua sustentabilidade ameaçada. Afinal, o impacto no fluxo de caixa pode ser significativo, especialmente em países com menor robustez econômica, como o Brasil.

Diante disso, é importante destacar que existem cinco principais modalidades de hedge cambial: Contratos Futuros, Contratos de Opção, Swaps Cambiais, Hedge Natural e NDFs (Non-Deliverable Forwards). A seguir, exploraremos cada uma delas, analisando suas vantagens e desvantagens.

Contratos Futuros

Os contratos futuros são uma das modalidades mais comuns de hedge cambial. Nesse tipo de operação, as partes firmam um acordo para comprar ou vender uma moeda em uma data futura a uma taxa previamente definida.

Quando utilizar:

Essa modalidade é recomendada quando há necessidade de fixar a taxa de câmbio futura, garantindo previsibilidade no fluxo de entradas ou saídas em moeda estrangeira. É especialmente útil para importadores, exportadores e empresas que realizam captação de recursos em moeda estrangeira.

Vantagens:

Oferece total previsibilidade sobre os valores a serem pagos ou recebidos no futuro, protegendo contra a volatilidade cambial.

Desvantagens:

Como a taxa futura é travada, a operação ocorre independentemente das oscilações do mercado, o que pode resultar em perda de flexibilidade.

Contratos de Opção 

Diferentemente dos contratos futuros, que estabelecem um compromisso firme com uma taxa pré-fixada, os contratos de opção oferecem ao comprador o direito - mas não a obrigação - de comprar ou vender uma moeda a uma taxa determinada em uma data futura.

Quando utilizar:

Essa modalidade é recomendada em períodos de alta volatilidade cambial. Como o contrato permite ao investidor ou à empresa optar por não exercê-lo, é possível aproveitar movimentos favoráveis do mercado, garantindo maior flexibilidade.

Vantagens:

A principal vantagem desse instrumento é sua flexibilidade, pois permite ao comprador decidir se exercerá ou não a opção, dependendo das condições do mercado.

Desvantagens:

Para ter esse benefício, é necessário pagar um prêmio no momento da contratação, correspondente a um percentual sobre o volume da operação.

Swaps Cambiais

Esse tipo de contrato permite que as partes troquem pagamentos de principal e juros em diferentes moedas ao longo de um período pré-determinado.

Quando utilizar:

Os swaps cambiais são indicados para organizações que possuem dívidas ou financiamentos em moeda estrangeira e desejam eliminar sua exposição cambial. Além disso, essa modalidade é mais apropriada para operações de longo prazo, pois proporciona estabilidade financeira diante das oscilações do câmbio.

Vantagens:

Garante proteção total contra variações cambiais e flutuações nas taxas de juros, reduzindo incertezas financeiras.

Desvantagens:

Por outro lado, a estrutura desse contrato pode ser complexa e, em alguns casos, apresentar custos relativamente altos, o que exige uma análise criteriosa antes da contratação.

Hedge Natural 

Como o próprio nome sugere, esse tipo de hedge não utiliza mecanismos financeiros de proteção. Por outro lado, a estratégia se baseia em uma coordenação operacional para mitigar a exposição cambial. Um exemplo disso é uma empresa que realiza tanto importações quanto exportações na mesma moeda, equilibrando suas receitas e despesas.

Quando utilizar:

O hedge natural é ideal para organizações que possuem operações no exterior e conseguem ajustar suas receitas e despesas na mesma moeda. Dessa forma, a necessidade de contratar outros instrumentos financeiros de proteção se torna menor.

Vantagens:

Elimina os custos associados a contratos de hedge financeiro, tornando-se uma alternativa mais econômica.

Desvantagens:

No entanto, essa modalidade apresenta limitações operacionais e não reduz completamente o risco cambial, exigindo um alinhamento rigoroso das transações para minimizar a exposição.

NDFs (Non-Deliverable Forwards)

Os NDFs são contratos muito semelhantes aos contratos futuros, porém com uma diferença essencial: não há entrega física da moeda. Em vez disso, as partes liquidam apenas a diferença entre a taxa contratada e a taxa vigente no vencimento.

Quando utilizar:

Esse tipo de contrato é indicado para cenários em que a empresa deseja se proteger contra oscilações cambiais ou, ainda, atuar estrategicamente na variação de uma moeda sem a necessidade de movimentação física dos recursos.

Vantagens:

Diferente das operações realizadas na Bolsa, os NDFs não exigem ajustes diários, tornando a gestão mais simples. Além disso, a liquidação ocorre apenas no vencimento, sem a entrega efetiva da moeda.

Desvantagens:

Em contrapartida, esse contrato envolve um risco de crédito da contraparte, o que exige uma análise cuidadosa antes da contratação.

Como funciona o hedge cambial com operações estruturadas? - Leia no blog da Legatus.

Qual a melhor modalidade de hedge cambial para a sua realidade?

Após compreender o contexto do hedge cambial e conhecer as principais modalidades, você provavelmente se pergunta: qual instrumento e modalidade escolher? Diversos fatores influenciam essa decisão, como o perfil da exposição, a tolerância ao risco, o custo-benefício e a complexidade da operação. Cada organização precisa avaliar esses parâmetros e adaptar a solução à sua realidade. Não existe uma fórmula única; portanto, o contexto do negócio e dos stakeholders desempenha um papel crucial na definição do mecanismo de proteção ideal.

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