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O mercado financeiro brasileiro passou por uma série de alterações e evoluções ao longo das décadas. Por exemplo, nos anos 1950, seu impacto e abrangência tiveram um efeito secundário na formação do Brasil como um todo. Entretanto, a partir das décadas de 1970 e 1980, o mercado começou a enfrentar diversas transformações tecnológicas, processuais e regulatórias. Dessa forma, neste artigo, abordaremos alguns fatores que impactam o mercado financeiro, sendo um dos principais as políticas econômicas.
Antes de discutirmos os impactos das políticas econômicas no mercado financeiro, é essencial apresentar as diferentes tipologias dessas políticas e suas definições. O governo adota três tipos principais de políticas: monetária, fiscal e cambial. Cada uma tem suas características e efeitos práticos. A política monetária resume-se ao controle da oferta de moeda no país, feito por governos e instituições, especialmente pelos bancos centrais.
Em segundo lugar, a política fiscal foca na gestão equilibrada das finanças públicas e na administração dos tributos. Por fim, na política cambial, o governo/Banco Central do Brasil (BACEN) define o regime cambial adotado (flutuante, fixo ou administrado) e gerencia o valor da moeda nacional em relação a outras moedas.
Neste contexto, utilizamos o principal balizador da economia como métrica de análise: a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). De fato, a SELIC desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na manutenção do mercado financeiro. Segundo o BACEN, a taxa SELIC representa a taxa básica de juros da economia e influencia outras taxas de juros no país, como as de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
Além disso, a definição da taxa SELIC é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Por esse motivo, não podemos subestimar o impacto desse instrumento no mercado como um todo e, especificamente, no setor financeiro, como por exemplo o mercado de ações, renda fixa e câmbio.
O segundo ponto a ser considerado no tripé econômico que afeta o mercado financeiro é a política fiscal do país. De acordo com a Suno, esse conceito está diretamente relacionado à administração das receitas e despesas do governo, com o objetivo de regular a atividade econômica. Por isso, é crucial que o governo faça uma boa gestão das contas públicas, pois o impacto no mercado financeiro pode ser significativo. Um exemplo claro disso pode ser observado no valor atual do câmbio brasileiro.
Se, por exemplo, considerarmos o valor "justo" do câmbio atual — utilizando algumas métricas como paridade do poder de compra, diferencial de juros e inflação — e aplicarmos o índice Big Mac, que mede o poder de compra de diferentes moedas em relação ao dólar, o câmbio deveria estar cotado a R$ 4,63, o que representa uma grande diferença em relação à cotação atual de R$ 5,60. Em grande parte, esse diferencial pode ser explicado pelas políticas fiscais atuais, nas quais a percepção do mercado tem sido pessimista quanto ao controle das contas públicas, resultando na depreciação do real frente ao dólar.
Os bancos centrais ao redor do mundo adotam três principais regimes cambiais: flutuante, fixo e administrado. No caso do câmbio flutuante, como o próprio nome sugere, a taxa de câmbio varia de acordo com as leis de oferta e demanda de moeda estrangeira no país. Nesse contexto, o Banco Central, em teoria, não interfere, exceto para garantir a funcionalidade do mercado.
Já no câmbio fixo, o governo define um valor estável para a taxa de câmbio. No regime administrado, ele combina características dos dois anteriores, intervindo pontualmente para controlar a cotação. No Brasil, o regime oficial é o câmbio flutuante, regulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e monitorado pelo BACEN.
A taxa de câmbio impacta praticamente todas as áreas da economia, do nível micro ao macro. No Brasil, o regime de câmbio flutuante, que na prática tende a ser mais administrado, reage a eventos internos, como mudanças políticas e fiscais, e a eventos externos, como políticas internacionais, guerras e questões geopolíticas. Esses fatores podem valorizar ou desvalorizar a moeda, afetando toda a sociedade, devido à forte interdependência entre os países no comércio internacional.
Os impactos das políticas econômicas no mercado financeiro brasileiro são vastos em termos de dimensão e extensão. As políticas monetárias, fiscais e cambiais determinam o rumo econômico do país e, consequentemente, influenciam a dinâmica do mercado financeiro e suas implicações para a economia nacional.
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